O impacto da produção orgânica no Meio Ambiente
Hoje, dia 5 de Junho, comemora-se o dia do meio ambiente. Instituído pela ONU, a data serve de momento para reflexão sobre como cuidamos da nossa casa, o planeta que compartilhamos com uma diversidade enorme de vida. É uma data importante para pensar sobre a atividade humana que mais causa impacto sobre o meio ambiente – a agricultura. É possível pensar uma maneira de produzir alimentos em equilíbrio com o meio ambiente, preservando recursos naturais e promovendo a biodiversidade.
Para os economistas, externalidades são os efeitos colaterais decorrentes de uma decisão, que são sofridos por aqueles que não tiveram participação sobre a mesma. O mesmo conceito pode ser adaptado para a ecologia: toda ação do homem no meio ambiente, proposital ou não, gera externalidades, positivas ou negativas.
Na agricultura, o desmatamento promovido para a expansão das lavouras de soja ou o aumento da produção de gases do efeito estufa originados da pecuária intensiva são externalidades negativas famosas. Por outro lado, uma abordagem ecológica na produção de alimentos, através da agricultura orgânica, pode ter como efeito uma série de externalidade positivas – ou seja, efeitos colaterais benéficos ao meio ambiente e seres vivos. É o caso da produção orgânica.
A agricultura orgânica é em sua essência um sistema agrícola que melhora a fertilidade do solo, maximizando o uso eficiente dos recursos locais. Além disso abre mão do uso de agrotóxicos e adubos sintéticos, exclui Organismos Genéticos Modificados/Transgênicos, além de muitos compostos sintéticos usados como aditivos alimentares. Interromper tanto o uso de produtos químicos nocivos, como sua propagação no meio ambiente e ao longo da cadeia trófica, contribui não só com a saúde dos agricultores, mas também de todos os organismos no entorno das propriedades rurais.
Na produção orgânica, utilizam-se diversas práticas agrícolas baseadas em ciclos ecológicos, manejando os agroecossistemas de forma a minimizar o impacto ambiental em toda a cadeia produtiva, preservando a sustentabilidade do solo a longo prazo e reduzindo ao mínimo o uso de recursos não renováveis: a regra aqui é priorizar o uso de recursos da propriedade orgânica, trazendo o mínimo de fora.
Pesquisas apontam que sob manejo orgânico, a perda de solo é bastante reduzida e o conteúdo de matéria orgânica do solo aumenta. Mais matéria orgânica significa mais vida e mais diversidade no solo, melhorando também características bioquímicas e ecológicas, essenciais para a produtividade. Além disso, os solos manejados de acordo com as normas orgânica possuem uma capacidade de retenção de água muito maior do que os solos manejados convencionalmente, resultando em rendimentos muito maiores em comparação com a agricultura convencional, em condições de escassez de água. Em outras palavras, os sistemas orgânicos produzem mais com menos, reduzindo o consumo total de água, outra externalidade positiva.
Devido à sua maior capacidade de armazenar carbono no solo, a agricultura orgânica pode representar um meio de melhorar a redução de CO2 se adotada em larga escala, fazendo com que seja uma ferramente fundamental no controle da quantidade de CO2 livre na atmosfera (vale lembrar que o CO2 é o principal gás do efeito estufa, contribuindo para o aquecimento global).
Além de todos esses aspectos físico-químicos, existe ainda uma externalidade positiva muito importante da agricultura orgânica: o incremento da biodiversidade. Sistemas orgânicos de produção abrigam uma biodiversidade de fauna e flora muito maior que os sistemas convencionais. Como no manejo orgânico utilizam-se estratégias ecológicas para o controle de pragas e doenças, a distribuição dos cultivos busca a manutenção de áreas com vegetação natural que abrigam inimigos naturais das pragas agrícolas. A ausência de agrotóxicos possibilita que exista abundância de insetos, como as abelhas, importantíssimas para a polinização e atualmente em risco pelo avanço indiscriminado da agricultura convencional de base química.
Recentemente, a União Europeia apontou que o caminho para a proteção do meio ambiente e da própria vida na terra depende da mudança na forma de produzir alimentos e definiu que até 2030, 25% das terras deverão ser ocupadas por cultivos orgânicos. Nesse dia do meio ambiente, vamos reforçar que a busca por modelos de produção mais sustentáveis é o caminho para garantir um planeta vivo e diverso para as próximas gerações. Buscar uma agricultura que gere impactos positivos ao meio ambiente é urgente – caso contrário viveremos em uma grande monocultura e em meio a toneladas de agrotóxicos.