- 29 de setembro de 2017

Alimentos orgânicos: as vendas pela internet impulsionam o setor

Quando se fala em alimentação saudável, uma das primeiras coisas que vem à mente são os alimentos orgânicos. A ideia de consumir alimentos cultivados sem qualquer aplicação de agrotóxicos é atraente para boa parte da população e nunca sai de moda. Trata-se de um nicho de mercado importante que atende consumidores exigentes e tem uma promessa de crescimento superior a dois dígitos por ano.  De acordo com a coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos, mantido pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Sylvia Wachsner, o maior benefício em cultivar orgânicos é o valor diferenciado dos produtos. “Os consumidores estão dispostos a pagar uma percentagem a mais pela qualidade dos produtos.”

Atualmente, 170 países desenvolvem a produção de alimentos orgânicos, com uma movimentação de cerca de 81,6 bilhões de dólares por ano, e a tendência é que esse setor cresça cada vez mais. Para ter uma noção do potencial de mercado desse segmento, o diretor do Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (ORGANIS), Ming Liu, explica que, no mercado global, o crescimento de produção e da comercialização de alimentos orgânicos atinge números entre 8% a 13%, sendo que alguns países chegam a ter um crescimento na ordem de 20%. O Brasil, por sua vez, tem um crescimento de 25% ao ano que pode ser ainda mais alavancado com a ajuda da internet e de plataformas de vendas online, ferramentas cada vez mais comuns entre os produtores de alimentos orgânicos.

Comercialização em plataformas online

A comercialização online foi a solução encontrada por Tomás Abrahão, fundador do portal de vendas de orgânicos Raízs, para incentivar o segmento e promover a valorização do pequeno produtor. Atualmente, o site possui seis famílias produtoras que fornecem os itens comercializados. O site oferece frutas, hortaliças, laticínios, bebidas e até mesmo cosméticos orgânicos. Somente depois que o consumidor efetua a compra é que os alimentos são colhidos das lavouras, assim o site atende perfeitamente os clientes, facilita a logística e não causa prejuízos ao produtor. “Trabalhar sob demanda é ótimo. Disponibiliza o que tá na terra sem desperdício”, diz Abrahão.

A plataforma já existe há dois anos, com uma média de crescimento nas vendas de 20% ao mês. De acordo com o fundador, o maior objetivo é promover a interação social entre produtor e consumidor. Abrahão também tem como meta aumentar a oferta dos atuais 600 para 1.000 produtos comercializados no site. “O mercado está cada vez mais competitivo, tem muitas oportunidades e muitos concorrentes”, diz.

Além do portal Raízs, outros sites também promovem a venda de produtos e alimentos orgânicos. O site Organomix, fundado no Rio de Janeiro em 2012; o site Caminhos da Roça, que conta com mais de 400 produtos orgânicos diferentes; e o site Comida de Verdade que comercializa para o Estado de São Paulo, são apenas alguns exemplos. As redes sociais também exercem um papel muito importante na comercialização de alimentos orgânicos. No Facebook, por exemplo, além das empresas, as próprias famílias produtoras criam suas páginas de vendas e comercializam alimentos a preços competitivos.

O maior benefício da comercialização online, segundo Abrahão, é a facilidade de acesso. “O fato de não precisar ir até uma loja física facilita, os produtos chegam à casa do consumidor em menos de um dia”, diz. Além de promover as vendas dos alimentos orgânicos, o portal Raízs também disponibiliza vídeos, fotos e as histórias das famílias produtoras para mostrar ao consumidor a importância de valorizar quem está por trás da produção dos alimentos consumidos.

Benefícios de produzir alimentos orgânicos

Para um produto ser considerado orgânico, é proibida a aplicação na lavoura de fertilizantes e defensivos químicos, conhecidos como agrotóxicos e agroquímicos. Também é proibido o cultivo de variedades transgênicas. O manejo deve ser realizado com práticas que não prejudiquem o ecossistema e que evitem desperdícios, segundo as informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Outro ponto positivo no cultivo de orgânicos é buscar a otimização do uso dos recursos naturais, utilizando técnicas que não coloquem em risco o meio ambiente, a saúde dos consumidores, e dos produtores, diz Sylvia, da SNA. “Os agricultores não dependem de ‘pacotes tecnológicos’ comercializados por grandes empresas, ganhando assim independência econômica e capacidade de se valer com seus próprios meios.”

Fonte: Successful Farming